VIAGEM PRA TERRA ROXA
Uí – í – í – í! . . .
É o trem que vem – vindo
de terras distantes
trazendo no bojo
mineiro
paulista
goiano
nortista
espanhol
italiano
dizendo:
de terras distantes
trazendo no bojo
mineiro
paulista
goiano
nortista
espanhol
italiano
dizendo:
_ “E pra lá
é pra lá
para lá
para lá
Paraná
Paraná
Paraná...”
é pra lá
para lá
para lá
Paraná
Paraná
Paraná...”
Uí – í – í – í! ... Piuí – í – í – í!
E o monstro que rasga
rasgões pela terra
apita nas curvas
e ronca e resfolga
e range e rezinga
rouquenho, rascando
o metal reluzente dos trilhos
que ao longe se espicham
compridos compri-i-dos!
rasgões pela terra
apita nas curvas
e ronca e resfolga
e range e rezinga
rouquenho, rascando
o metal reluzente dos trilhos
que ao longe se espicham
compridos compri-i-dos!
E atroa a distância
na sua linguagem
de ferro ferrenha:
na sua linguagem
de ferro ferrenha:
_ “É pra lá
É pra lá
para lá
para lá
Paraná
Paraná...”
É pra lá
para lá
para lá
Paraná
Paraná...”
Trazendo no bojo
mineiro
paulista
goiano
nortista
espanhol
italiano
mineiro
paulista
goiano
nortista
espanhol
italiano
Japoneses que vêm povoar Assaí...
Piuí – í – í – í! . . . Piuí – í – í – í! . .
É gente que vem
para a terra tão roxa
Tão rica
(tão suja)
para a terra tão roxa
Tão rica
(tão suja)
Onde o rubro café sazonado
não é mais “o glóbulo vermelho”
a hemácia dolorosa
do negro escravizado...
não é mais “o glóbulo vermelho”
a hemácia dolorosa
do negro escravizado...
É gente que vem
pra lutar
pra sofrer
pra viver...
pra lutar
pra sofrer
pra viver...
enriquecer da noite para o dia...
ou também
pra “apanhar”
pra ficar na miséria:
Pois a vida, afinal, é coisa muito séria!
pra “apanhar”
pra ficar na miséria:
Pois a vida, afinal, é coisa muito séria!
E vem o italiano
Com sua linguagem rasgada:
_”Per Dio Santo!”
Com sua linguagem rasgada:
_”Per Dio Santo!”
E o espanhol, que ao pisar a poeira,
Pergunta:
Pergunta:
_”Hay gobierno em esta tierra?”
Em frente à estação de Londrina
a água escaldante da caldeira
chia...chia – chia: tchiiiiiii...tchiiiiiii
a água escaldante da caldeira
chia...chia – chia: tchiiiiiii...tchiiiiiii
Vibrando na paisagem vermelha
Ao sol das onze
Tange longe sonoroso bronze:
balalão! balalão! Balalão!
Ao sol das onze
Tange longe sonoroso bronze:
balalão! balalão! Balalão!
Mas alguém esconjura:
_Chi! Que terra suja, credo!
_Chi! Que terra suja, credo!
É suja, sim:
Mas “dá pro sabão”...
Mas “dá pro sabão”...
NOVOS CONTOS
ALMO SATURNINO
2ª Edição - 1983
ALMO SATURNINO
2ª Edição - 1983
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